quarta-feira, 6 de julho de 2011

Greve dos Professores

“Os dois lados da moeda”


6 de julho de 2011

Professora Patricia Silva remete pela Internet o seguinte comentário sobre a greve dos professores:
“Quando entrei em greve, entrei por uma votação, um grupo de professores que se manteve 100% firmar nos 50 dias.
No começo senti medo, primeiro ano de ACT, pouco conhecimento de fatos, pensamentos ainda vagos. Pedi conselhos, revi conceitos e enfim decidi. Estou em greve.
Primeira semana, mais parecia diversão, afinal eu sequer entendia o que estava acontecendo. Termino a faculdade aqui 10 meses, e lá não aprendemos sobre proceder em greves estaduais.
Porém tive uma aula de conhecimento, democracia, história, filosofia, sociologia ao vivo! Meu salário mesmo sem gratificações aumentou, mais pensava na minha carreira futura e nos meu amigos de classe que foram prejudicados, muitos que inclusive me aconselharam a desistir de lecionar, e não por maldade, mais por preverem um futuro para a categoria desastroso.
Então em conversas reflexivas com qual aprendi muito comecei a enxergar.
Vi muitos deputados darem a cara a tapa por nós, mais também vi que ânimos exaltados não ajudam muito.
Vi a imparcialidade de alguns repórteres, mas vi que o dinheiro paga opiniões.
Vi muitos pais e alunos se sacrificarem para nos apoiar, então vi que pais que nunca vão a reunião da escola, que não aparecem quando lhe é questionado o comportamento do seu filho em sala de aula, fazerem discurso demagogo.
Vi professores lutando ferozmente, no frio, na chuva, eu vi estava lá! Mais descobri que muitos foram passear em visitas familiares, ou que preferiam dar seu apoio apenas em frente a TV. Ou por sites públicos. E emails.
Mais tem coisas que me chocaram mais.
Os professores na chuva em Florianópolis acampados, ainda assim cheios de esperanças.
O nosso governador passeando para nos evitar.
Deputados que quando começaram, lutavam pela educação, eu ajudei a coloca-los lá. Agora estavam lá de cabeça baixa sem sequer nos olhar nos olhos que afirmavam que fariam o que o governo mandasse. O discurso antes bem feito havia mudado…
Estou voltando, não como entrei, de forma alguma, estou voltando por que me comprometi com os meu companheiros da categoria que convivo que voltaria com eles, e que voltaríamos juntos. Mesmo que meu ideal tenha mudado.
Eu Patrícia, continuaria, por mim, pelos meus três filhos que estudam em escola publica, pelos meus alunos o qual senti saudades ao ponto de chorar a noite, por que o cansaço da greve me consumia, ainda assim, continuaria…
Mas aprendi que a maioria decide sim, só que começa o apoio nos pequenos grupos! Ninguém saiu a greve ‘sozinho’, ali estavam com grupos de sua escola, de sua cidade, o qual dividiram suas angustias e até alegrias.
Pela democracia do MEU grupo eu volto. Sinto saudades dos meus alunos, estou afoita em vê-los. Não julgo nenhum voto, por que esses que votaram lutaram comigo, e por mais que eu tenha crescido em opiniões próprias, aprendi que vale a sabedoria dos mais velhos na categoria!
Sinceramente sinto um vazio e um misto de tristeza pelas imagens que vi, e alegria no retorno a aula!
Mais algo além de valores financeiros obtive muito mais nesta greve!
Tal como: maturidade emocional, aprendi a respeitar opiniões, a calar e ouvir, a discernir, e principalmente a lutar.
Não me parece hipocrisia em dizer que independente do resultado de tudo isso a algo que ninguém irá tirar de mim. A experiência e a luta de uma categoria que quando de um pequeno grupo cresce a uma grande multidão.
Eu sei experiência não enche barriga! Porem traz maturidade para lutar por ideais próprios.”

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